UMA CÂMERA EM VIAGEM: O OLHAR “DE FORA” EM A GRANDE ARTE

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Resumo

O propósito deste artigo é analisar o filme A Grande Arte (1991) de Walter Salles, adaptação cinematográfica do romance policial homônimo de Rubem Fonseca. Uma vez que o filme de viagem é marca fundamental do cinema de Walter Salles – em que a migração e o trânsito transnacional fazem parte da trajetória dos personagens nas tramas –, que implicações de sentido despontam em uma adaptação na qual em vez do detetive do romance policial de Fonseca o protagonista é um fotógrafo norte-americano em passagem pelo Brasil? Uma vez que a crítica cinematográfica apontou, na fase de seu lançamento, que o filme incorporava um padrão de qualidade técnica de “filme americano”, buscaremos avaliar no próprio tecido do discurso cinematográfico o sentido de consonância entre a câmera fotográfica de viagem do protagonista que deposita seu olhar “de fora” e a própria impregnação do lastro do filme americano, o thriller policial. Assim, A Grande Arte sinalizaria, em fase inicial do chamado “cinema da retomada”, um desvio da “pobreza” como marca identitária da cultura cinematográfica brasileira representada pelo Cinema Novo.

Biografia do Autor

Marcelo Magalhães Bulhões, Universidade Estadual Paulista

Marcelo Bulhões é Livre-docente (Unesp) em Teoria Literária, Doutor em Literatura Brasileira (USP) e Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP). Professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Comunicação e do Curso de Graduação em Jornalismo da Unesp – FAAC. É autor dos livros A Ficção nas Mídias: um Curso sobre a Narrativa nos Meios Audiovisuais (Ática, 2009), Jornalismo e Literatura em Convergência (Ática, 2007), Leituras do Desejo: o Erotismo no Romance Naturalista Brasileiro (Edusp, 2003), Literatura em Campo Minado: a Metalinguagem em Graciliano Ramos e a Tradição Literária Brasileira (Annablume, 1999), Casa de Pensão – Aluísio Azevedo (Organizador); (Ateliê, 2014); A Carne – Júlio Ribeiro (Organizador); (Ateliê, 2002), Jornalismo, Literatura e Violência: a Escrita de João Antônio (UNESP/FAAC, 2005), além de diversos artigos em livros e revistas na área de Comunicação e Letras. No Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UNESP desenvolve pesquisas na confluência entre cinema, televisão, novas mídias e literatura, pertencendo à Linha Pesquisa “Produção de Sentido na Cultura Midiática”.

 

Ricardo Magalhães Bulhões, Universidade Federal do Mato Grosso

Ricardo Magalhães Bulhões é mestre e Doutor em Literatura e Vida Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/Assis), com pós-doutorado em Teoria Literária pela Unicamp (IEL); atualmente é professor associado de Literatura Brasileira na graduação e no PPG-Letras( Mestrado e Doutorado) na UFMS, nos Campi de Três Lagoas(MS) e Campo Grande(MS). Nos últimos anos tem orientado e publicado trabalhos sobra a ficção brasileira contemporânea.

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Publicado

2020-09-18

Edição

Seção

Dossiê Cinema e Literatura de Viagens